Foto: Getty Images As mulheres entre 15 e 29 anos representaram 63,4% dos 10,9 milhões de brasileiros que não estudavam nem possuíam ocupação formal em 2022. Segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados no início de dezembro, são cerca de 2 milhões de jovens que não procuraram trabalho porque tinham obrigações de cuidados, como afazeres domésticos ou supervisão de pessoas da família. Outras 553 mil tentaram entrar no mercado de trabalho, mas essas responsabilidades foram um impeditivo.
Do total de Neno (sigla que define os jovens que não estudam nem trabalham), 61,2% eram pobres, com renda domiciliar per capita de até 33,50 reais. As mulheres pretas e pardas representavam 47,8%.
O que é a economia do cuidado?
Desde tirar o lixo da casa até ajudar as crianças com as tarefas escolares, a economia do cuidado engloba uma série de atividades desempenhadas por pessoas que dedicam o próprio tempo, gratuitamente ou não, às necessidades de outras.
A atividade, ainda desvalorizada, foi tema do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2023, que propôs a reflexão apresentando a proposta: “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
O valor do cuidado
Um estudo divulgado em outubro pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) mostra que, se remunerado, o trabalho com afazeres domésticos acrescentaria 13% ao PIB brasileiro. Somente as mulheres contribuiriam com 8,5% desse aumento, já que dedicam, em média, 21,3 horas por semana a essas tarefas, enquanto os homens gastam 11,1 horas.
Contribuição dos afazeres domésticos e cuidados ao PIB por região em 2022
| Região/Ano | 2022 |
| Norte | 12,1% |
| Nordeste | 17,1% |
| Sul | 12% |
| Sudeste | 11,1% |
| Centro-Oeste | 8,2% |
Fontes: IBGE e FGV Ibre.
