Entendendo a renda fixa

5 de junho de 2024 em Colunistas, Opinião Jovem, Público

Meus caros leitores, ao longo das últimas semanas, nós nos debruçamos sobre conceitos fundamentais como a natureza dos investimentos, a importância da reserva de emergência e o impacto dos juros compostos na nossa vida. Dando continuidade aos conhecimentos práticos de finanças e como aplicá-los, hoje enriqueceremos nosso repertório com um conceito muito importante: a renda fixa!

Durante toda a vida, habituamo-nos a ver pessoas buscando dinheiro emprestado nos bancos e pagando juros por isso. No entanto, apesar de ser pouco falado, nós também podemos ser credores, emprestando aos bancos e sendo remunerados por essa ação. E esse é o cerne da renda fixa! Renda fixa é, em essência, o ato de emprestar dinheiro a uma instituição, que se compromete a devolver esse capital no futuro, acrescido de juros. Vou guiá-los pelos riscos envolvidos e pela liquidez desses títulos, para que possamos entender as implicações dessas escolhas.

+ Veja mais em “Renda fixa ou variável?”

A dinâmica é a seguinte: ao adquirir um título de renda fixa, estamos essencialmente fornecendo um empréstimo à instituição emissora. Estas instituições podes ser:

  • o Estado brasileiro, por meio dos títulos do Tesouro Direto;
  • os bancos, com seus diversos títulos como CDBs, LCIs, LCAs;
  • as empresas, via debêntures;
  • e securitizadoras, com CRIs e CRAs.

Apesar da aparente simplicidade das siglas, cada uma carrega muitos significados e riscos que devemos explorar.

Tomemos como exemplo os títulos do Tesouro. Ao adquirir um desses títulos, o investidor está, na prática, emprestando dinheiro ao Estado brasileiro. Em uma data futura previamente acordada, conhecida como vencimento do título, o Estado devolverá o valor investido, assim como os juros estipulados no momento da compra. Mas qual é o risco envolvido? Embora os títulos do Tesouro sejam considerados investimentos de baixo risco, pois têm garantia do governo, há precedentes históricos em que governos não honraram esses compromissos, o que é conhecido como moratória. Um exemplo recente ocorreu na Argentina, e você pode explorar mais sobre esse tema na entrevista que conduzi com o professor de história Otto Barreto, disponível no canal da OBInvest neste link:

Moratória dos anos 1980

CDB

Quando optamos por CDBs ou outros títulos bancários, como LCIs ou LCAs, estamos dando nosso dinheiro aos bancos sob a promessa de retorno com juros. Aqui, o risco é mitigado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante até 250 mil reais por CPF por instituição, protegendo o investimento até esse limite. Acesse https://www.fgc.org.br/ para saber mais.

É vital entender que o FGC não cobre todos os tipos de investimentos; debêntures, CRIs e CRAs estão fora dessa proteção. Porém a recompensa por assumir riscos maiores é frequentemente um retorno mais atraente, e é essa equação entre risco e retorno que cada investidor deve ponderar.

Sobre a liquidez, recomenda-se ao investidor iniciante manter os títulos até o vencimento. Embora seja possível vender títulos antes da maturidade, o preço dependerá das condições de mercado, não refletindo necessariamente a taxa acordada inicialmente. Esse conceito, conhecido como “marcação a mercado”, trarei mais detalhadamente em futuras colunas.

Portanto, caros leitores, a renda fixa nos oferece uma oportunidade de construir um patrimônio com previsibilidade e risco controlado. Dedicar-se ao estudo dessas opções é essencial para fazer escolhas informadas e prudentes.

Em breve nos encontramos novamente para continuar nossa jornada pelo mundo das finanças. Até lá, façam boas escolhas e bons negócios!

Até a próxima!