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Brasil tem menos filhos e mães mais velhas

O que os dados do Censo revelam sobre a nova realidade demográfica do país e como esse dado afeta a nossa economia
30 de junho de 2025 em Nacional
Taxa de fertilidade cai no Brasil, segundo Censo de 2022

O Brasil está se tornando um país com menos filhos e mães cada vez mais velhas. É o que mostram os dados divulgados pelo IBGE com base nos resultados do Censo Demográfico de 2022. Segundo o levantamento, a Taxa de Fecundidade Total (TFT) — indicador que estima o número médio de filhos que uma mulher teria ao longo da vida — caiu para 1,55 filho por mulher, o menor patamar já registrado no país.

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Esse número é significativamente inferior ao chamado “nível de reposição populacional”, que é de 2,1 filhos por mulher. Esse é o valor necessário para garantir que uma geração seja numericamente substituída pela seguinte. Em outras palavras, se a tendência continuar, a população brasileira começará a encolher nos próximos anos, especialmente em idade ativa.

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A taxa vem caindo ao longo dos anos. Em 1960, o Brasil registrava uma média de 6,28 filhos por mulher. Em 2010, a taxa já havia caído para 1,9, e agora atinge 1,55. No recorte regional, a TFT foi mais alta nas regiões Norte (1,89) e Nordeste (1,60) — ainda assim, abaixo do nível de reposição. No Sudeste, Sul e Centro-Oeste, a taxa ficou abaixo da média nacional.

Maternidade mais tardia

O Censo também revelou que as mulheres brasileiras estão tendo filhos mais tarde. A idade média ao ter filhos passou de 26,3 anos, em 2000 para 28,1 anos, em 2022. No Distrito Federal, essa média é ainda mais elevada (29,3 anos), enquanto o Pará tem a menor idade média (26,8 anos).

Essa mudança é reflexo de fatores como maior escolaridade, inserção das mulheres no mercado de trabalho e acesso a métodos contraceptivos. Quanto maior o nível de instrução, mais tarde as mulheres têm filhos: entre aquelas com ensino superior completo, a idade média da maternidade é de 30,7 anos; entre as que não concluíram o ensino fundamental, 26,7 anos.

Menos mulheres com filhos

Outro dado relevante é o crescimento do número de mulheres que não tiveram filhos. Em 2000, 10% das mulheres entre 50 e 59 anos declararam não ter filhos vivos. Em 2022, esse número subiu para 16,1%. No Rio de Janeiro, a proporção é ainda maior: 21% das mulheres nessa faixa etária nunca tiveram filhos.

Além disso, o número médio de filhos das mulheres com mais de 50 anos caiu de 4,2 (em 2000) para 2,2 (em 2022) — uma mudança significativa que mostra o quanto o padrão de fecundidade se transformou em uma geração.

O levantamento também evidencia desigualdades na fecundidade por raça, religião e escolaridade. Mulheres indígenas tiveram a maior taxa (2,84 filhos), seguidas pelas pardas (1,68), pretas (1,59) e brancas (1,35). As mulheres amarelas (asiáticas) registraram a menor taxa, de 1,22.

Por que isso importa

A queda na taxa de fecundidade tem impactos profundos na economia, no mercado de trabalho e nas políticas públicas. Quando a fecundidade cai abaixo do nível de reposição e se mantém assim por muitos anos, a população envelhece rapidamente. Isso significa que haverá menos pessoas em idade produtiva e mais idosos, o que pressiona o sistema de previdência social, saúde pública e outros serviços de assistência.

Além disso, a escassez de mão de obra jovem pode afetar a inovação, a produtividade e o crescimento econômico de longo prazo. Países como Japão e Coreia do Sul já enfrentam esse desafio e vêm adotando políticas para incentivar a natalidade ou se preparar para uma economia menos dependente de grandes populações.

Fonte: IBGE.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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