Por que países asiáticos estão pagando para a população ter mais filhos?

Preocupados com os efeitos do declínio demográfico, China, Japão e Coreia do Sul anunciam medidas para estimular a taxa de natalidade
7 de maio de 2024 em Edições Impressas, Internacional
Getty Images

Entre 1970 e 2016, os casais chineses só podiam ter um filho. A intenção da medida do governo era controlar o crescimento demográfico. Agora, o país vem enfrentando o desafio contrário: estimular a população a ter mais filhos.

Isso porque a taxa de natalidade vem caindo ano a ano. Segundo números do próprio governo, a população da China caiu de 1,412 bilhão, em 2022, para 1,410 bilhão, em 2023, ou seja, cerca de 2 milhões de pessoas a menos.

O menor número de nascimentos tem como consequência o envelhecimento da população. “Quando uma população fica mais velha, produz menos e passa a consumir mais”, diz Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV). Em outras palavras, a quantidade de cidadãos economicamente ativos (que geram riqueza) diminui e o contingente de aposentados (que demandam mais serviços de saúde) aumenta.

Para reverter a situação, a China vem anunciando medidas de estímulo a nascimentos desde 2022. Agora, os casais podem ter até três filhos e autoridades locais estão aumentando os incentivos para casais jovens que tenham filhos, incluindo acesso a moradia, trabalho, educação, plano de saúde e redução de impostos.

Não é só a China

Outros países asiáticos enfrentam o mesmo problema. A Coreia do Sul registrou a menor taxa de natalidade do mundo no ano passado, 0,72%. Isso significa que as coreanas têm, em média, 0,7 filho ao longo da vida.

Esse número está muito abaixo da taxa de reposição populacional, de 2,1, que é a quantidade ideal de filhos que os casais deveriam ter para manter o número de habitantes estável.

Para reverter o quadro, o governo e as empresas vêm estimulando a população a engravidar. A Booyoung Group, empresa de construção, anunciou que pagará 100 milhões de won coreanos (75 mil dólares) a cada funcionário — homem ou mulher — que tiver um filho.

O mesmo acontece no Japão, onde uma em cada dez pessoas tem 80 anos ou mais. O percentual de cidadãos acima dos 65 anos é de 29,1%, e os nascimentos não crescem: foram 758.631, em 2023, número 5,1% menor do que em 2022. Em busca de mais bebês, o país anunciou um pacote de 25 bilhões de dólares (127 bilhões de reais) que inclui apoio financeiro à educação dos filhos, horários de trabalho flexíveis e licença aos pais.

Desafio global

Apesar de a situação nos países da Ásia ser mais crítica, o envelhecimento populacional é um fenômeno global. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a quantidade de habitantes com 65 anos ou mais no planeta vai mais do que dobrar até 2050, saindo de 761 milhões para 1,6 bilhão.

No Brasil não é diferente. No Censo de 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais chegou a 10,9% da população, contra 7,4%, em 2010. A idade mediana, que é um indicador que divide a população entre os 50% mais jovens e os 50% mais velhos, subiu de 29 anos, em 2010, para 35 anos, em 2022, o que evidencia que sim, estamos ficando mais velhos.

Fontes: Nexo, G1, CNN, BBC, Folha de S.Paulo, ONU, O Globo e Agência Brasil.

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