Trump socorre a economia argentina com 20 bilhões de dólares

Entenda como a ajuda financeira torna o país o principal aliado dos EUA na América do Sul
4 de novembro de 2025 em Edições Impressas, Internacional
Cotações do dólar são exibidas em um painel antes das eleições de meio de mandato, em Buenos Aires

Silvia Balieiro

A economia argentina, que vinha derrapando com risco de calote e escassez de reservas cambiais, ganhou um “presentão” do aliado Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (EUA): 20 bilhões de dólares (cerca de 109 bilhões de reais). O acordo inédito inclui um empréstimo por meio de um swap cambial.  

“Não é um empréstimo, é um privilégio”, diz Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec SP. “O swap é uma liquidez que garante dólares à Argentina sem que o país precise exportar mais, atrair investimentos ou contrair dívidas. É o melhor dos mundos.” Na prática, os EUA enviam dólares ao Banco Central argentino, que entrega pesos em contrapartida, com uma data combinada para a troca de volta.

O acordo chegou dias antes de os argentinos irem às urnas em eleições legislativas (que elege os membros do parlamento), realizadas em 26 de outubro. O partido A Liberdade Avança, sigla do presidente argentino, Javier Milei, venceu ao obter mais de 40% dos votos em quase todo o país.

A vitória nas urnas somada à contribuição financeira dá ao governo de Milei o fôlego necessário para continuar suas reformas para tentar salvar a economia do país. “Ele ganha tempo e credibilidade. E, mais importante, um sinal positivo ao mercado internacional, que vê o apoio norte-americano como uma garantia para investir na Argentina”, diz Pires.

Para o professor, a aliança representa para Trump uma forma de garantir um aliado sólido no sul do continente, conter o avanço chinês e reequilibrar o tabuleiro geopolítico em um momento de competição global. “A Argentina é, hoje, o troféu simbólico da nova política norte-americana na região”, diz Pires.

A América do Sul no alvo dos EUA

Nas últimas semanas, os EUA vêm atacando embarcações em águas internacionais, nas proximidades da Venezuela. De 2 de setembro a 29 de outubro foram dez ataques, que deixaram 43 mortos. Realizada sem procedimentos judiciais ou declaração de guerra pelo congresso norte-americano, a ofensiva, segundo o presidente Donald Trump, tem o objetivo de combater o narcoterrorismo na região. Ele afirmou, ainda, que todos os barcos atacados estavam ligados a gangues e redes de tráfico.

Integrantes do governo Trump afirmam que a estratégia dos EUA é aplicar o máximo de pressão sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para removê-lo do poder, inclusive com o uso da força, caso necessário.

Em agosto, Washington dobrou de 25 milhões de dólares para 50 milhões de dólares (cerca de 260 milhões de reais) a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro, a quem acusa de manter vínculos com o crime organizado. A Venezuela respondeu acusando os EUA de fabricar um motivo de guerra e denuncia os ataques como assassinatos em águas soberanas. 

A crise se estendeu à Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, condenou abertamente os ataques. Em uma publicação no X, ele afirmou que “uma agressão à Venezuela é uma agressão à América Latina”. A Casa Branca reagiu congelando parte de uma contribuição financeira que mantém para os colombianos.

Segundo Alexandre Pires, professor de relações internacionais e economia do Ibmec SP, a ofensiva sobre a Venezuela tem a ver com recursos naturais. O país detém grandes reservas de petróleo e minerais críticos, itens cobiçados em um momento em que Trump tenta reduzir a dependência dos EUA da China. 

“A Venezuela tem posição geográfica privilegiada, saída para o Caribe e proximidade do Canal do Panamá. É estratégica demais para ser deixada sob influência russa ou chinesa”, explica Pires.

Fontes: G1, BBC e Folha de S.Paulo. 

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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