
Felipe Gambarini, Pedro Costa e Pedro Negri são amigos de escola desde a adolescência e partilhavam um desejo: empreender. Hoje, com apenas 18 anos, os três dividem muito mais do que ideias —compartilham responsabilidades, aprendizados e o desafio de levar adiante uma edtech, startup voltada à área de educação.
O entrosamento foi a base para construir a Centra, empresa que aplica inteligência artificial (IA) para mapear indicadores socioemocionais de estudantes. A ideia nasceu de uma dor compartilhada: a ausência de acolhimento emocional nas escolas, especialmente após o retorno das aulas presenciais no pós-pandemia. “Nós sofremos isso na pele e vimos nossos amigos sofrerem durante o ensino médio”, diz Negri.
Dados próprios reunidos pelos jovens mostram que 74% dos estudantes com ansiedade relatam pressão e insegurança em consequência do colégio, 87% dos pais sentem que é responsabilidade da escola dar apoio emocional aos filhos e 53% dos ex-alunos dizem que a ausência de auxílio afetou as notas ou a carreira profissional. Assim, os empreendedores acreditam ter identificado um mercado com grande potencial.
A jornada empreendedora começou quando Pedro Costa e Pedro Negri ainda tinham 16 anos. Eles tentaram implantar um projeto-piloto em uma escola, mas esbarraram na falta de vivência e limitações da idade. “Mas a experiência nos proporcionou autoconhecimento, e fomos estudar”, lembra Costa.
O projeto ganhou força quando a dupla encontrou Felipe Gambarini, que já era amigo de Costa desde o ensino fundamental, durante o processo seletivo para ingressar na Link School, faculdade em São Paulo focada em empreendedorismo. Gambarini, que sempre teve interesse em psicologia e comportamento humano, juntou-se aos colegas.
“Não desista. É errar cem vezes para acertar uma. Mas, se você acertou uma, vai acertar duas, três, quatro, cinco.”
Os jovens empreendedores conversaram inicialmente com 52 escolas para validar o que haviam identificado. Passaram por mentorias, aceleradoras, tentativas frustradas de venda e, principalmente, uma jornada intensa de desafios.
Após meses de pesquisa e desenvolvimento, eles criaram a Análise Socioemocional Automatizada de Textos Autorias (Asata), plataforma que avalia materiais escritos por alunos para identificar padrões socioemocionais. A ferramenta devolve os resultados para os estudantes, que recebem análises de personalidade e orientação vocacional, e para a escola, que obtém indicadores sobre os alunos que podem estar enfrentando dificuldades emocionais. “A solução não faz um diagnóstico, é um sinalizador”, enfatiza Costa.
A startup já fechou o primeiro contrato e iniciará o trabalho em agosto, atendendo uma escola em São Paulo. O trio segue em busca de investidores para expandir as operações.