
No dia 22 de julho, o atacante Rony, do Atlético Mineiro, entrou na Justiça pedindo a rescisão de seu contrato com o clube. Motivo: ele não tem recebido parte do dinheiro combinado, como valores de direitos de imagem e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Rony não está sozinho. Outros jogadores e times enfrentam problemas semelhantes.
Os casos são reflexo da realidade financeira dos principais clubes de futebol brasileiros. É o que mostra o relatório “Convocados 2025”, feito pela Galápagos Capital em parceria com a Outfield e divulgado em junho. Ao analisar as finanças de 40 times da Série A, ele aponta que, apesar do faturamento total chegar a 10,2 bilhões de reais, as dívidas batem 14,6 bilhões de reais — o que coloca diversos clubes em risco de rombo financeiro.

Como assim, rombo?
Em qualquer empresa, um rombo nas contas significa que as despesas (os gastos) são maiores do que as receitas (o dinheiro que entra). Usando o perfil dos clubes de futebol como exemplo: alguns deles gastam mais por mês (com salários e manutenção) do que recebem (de direitos de TV, patrocínios, bilheteria etc.).
Parte do problema também está, de acordo com o relatório, na origem das receitas. Em 2024, alguns clubes tiveram mais de 40% das receitas totais provenientes de transferências de jogadores, uma fonte imprevisível. A arrecadação da Série A com venda de atletas cresceu 112%, enquanto as receitas previsíveis, como bilheteria, marketing e direitos de TV, aumentaram apenas 4%.
“Achar que gastar mais garante performance é uma visão equivocada. Tem que gastar nos pontos certos, com eficiência. A gestão pode melhorar”, diz Cacau Renaux, consultora sênior da Outfield, em entrevista ao TINO Econômico.
Lição de casa
Apesar do cenário preocupante, alguns clubes fizeram a lição de casa. O relatório aponta Palmeiras, Flamengo, Fortaleza e Bahia como exemplos de gestões mais estruturadas, que conseguiram equilibrar ambição esportiva com saúde financeira. Modelos como esses mostram que é possível crescer sem perder o controle das contas e servem de inspiração.
Fontes: CBF, ESPN, Globo Esporte, CNN e Folha de S.Paulo.