O ex-presidente da Americanas, Sergio Rial, compartilhou no LinkedIn um texto em que conta o processo de descoberta das inconsistências contábeis da empresa e a decisão de deixar a companhia nove dias após assumir o cargo.
Em formato de reflexão, Rial afirma que descobriu a divida de cerca de R$ 20 bilhões logo após assumir o comando da empresa. Durante entrevistas com executivos, surgiram dúvidas sobre os números do negócio. Ao investigar as informações, ele encontrou a inconsistência bilionária, divulgada na última semana.
“Coube-me, como executivo líder, primeiro entrevistar executivos remanescente, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e, com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos com o novo CFO, André Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade!”, disse ele.
+ O papel do CEO dentro da empresa
Para fechar, Rial conta que aceitou o convite para liderar a Americanas estimulado pelos desafios que uma empresa quase centenária pode apresentar. Mas, diante do ocorrido e do cenário em que a companhia se encontra após a descoberta do rombo, ele acredita que as novas rotas necessárias partiriam de um ponto que ele não esperava encontrar, por isso optou por deixar o negócio.
Leia o conteúdo na integra:
“Tenho feito várias reflexões sobre a minha rápida passagem pela liderança das Americanas, algumas das quais compartilho com vocês.
A liderança das Americanas projetava diversos desafios inerentes a uma empresa de varejo chegando aos seus 100 anos. Na pauta de objetivos estava um projeto de crescimento em que consumidor, tecnologia, marketing, entre outras competências, se entrelaçavam. Foi esse o meu propósito, a minha motivação ao aceitar a posição que os acionistas me confiaram: agregar minha experiência profissional e reoxigenar o legado em prol do desenvolvimento da companhia.
Nesses breves nove dias como presidente, os desafios e os ensinamentos, contudo, foram outros, mas extremamente importantes.
Coube-me, como executivo líder, primeiro entrevistar executivos remanescente, questionar e entender quaisquer preocupações e novas perspectivas. Nessas conversas, informações e dúvidas foram compartilhadas e, com o natural aprofundamento para entendê-las e dar-lhes direcionamentos com o novo CFO, André Covre, chegamos ao quadro do fato relevante com transparência e fidedignidade! Quaisquer especulações ou teorias distintas disso são leviandades. Eu jamais transigiria com a minha biografia.
Portanto, com a conclusão do diagnóstico inicial, surgiu a necessidade premente de correção de rota. E essa correção partiu da transparência e do apoio incondicional que recebi do CA e dos acionistas de referência. Aqui, minha segunda reflexão: ser líder não é ser corajoso, é ser responsável e ético; não é ser herói ou heroína, mas éter a resiliência para defender a verdade e fazer o que é certo.
Quanto à minha saída, ela decorre do entendimento da necessidade de abrir espaço para que a empresa pudesse se reestruturar de um ponto de partida totalmente distinto do que eu esperava encontrar. É preciso saber o momento de se posicionar dentro de um novo contexto que se apresenta. Foi o que fiz, sem me descomprometer em ajudar no que estivesse ao meu alcance. Essa é a minha terceira reflexão. Vou, portanto, neste momento, continuar a contribuir com minhas capacitações, experiência, seriedade e transparência, seguindo sempre as premissas que nortearam toda minha trajetória profissional e pessoal.
São lições profundas de governança, autenticidade e coerência que esses nove dias escreveram na minha história.”