Levantamento feito pelo Datafolha revela descompasso entre o planejamento financeiro e a prática no dia a dia; especialistas alertam para a importância de criar uma reserva de emergência e acompanhar de perto as despesas.
Uma pesquisa do Datafolha encomendada pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) mostra que, embora a maioria dos brasileiros diga ter hábitos de planejamento, grande parte ainda enfrenta dificuldades para lidar com emergências financeiras. O levantamento, divulgado nesta terça-feira, 4/11, indica que 43% dos entrevistados não possuem dinheiro guardado para imprevistos.
No estudo, realizado com 2.000 pessoas de todas as regiões do país, 59% afirmaram ser razoavelmente, muito ou extremamente planejadas financeiramente. Ainda assim, 84% enfrentaram alguma situação emergencial nos últimos 12 meses, como atraso de contas, necessidade de empréstimos, uso de crédito ou nome negativado.
Quase metade dos brasileiros (46%) se declara insatisfeita com a própria condição financeira, enquanto 38% são neutros e apenas 16% estão satisfeitos. A diferença entre esses grupos se reflete nos hábitos de controle: 82% dos satisfeitos acompanham suas despesas regularmente, contra 55% entre os insatisfeitos.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, a CEO da Planejar, Ana Leoni, disse que os resultados revelam um descompasso entre a percepção e a realidade. “É como um autodiagnóstico médico: o paciente acha que está bem, mas os exames mostram problemas. A percepção pode ser de que não há nada de errado, mas há”, afirma. Segundo ela, muitos brasileiros controlam o fluxo de caixa mensal, mas não conseguem manter estabilidade a médio ou longo prazo, justamente por falta de reservas.
Apesar de 64% dizerem que planejam os gastos mensais, a prática nem sempre acompanha o discurso. Quase quatro em cada dez (39%) gastaram mais do que receberam no último ano. Este índice sobe para mais da metade (54%) entre os que não se consideram planejados. Outros 39% afirmam que conseguem pagar as despesas, mas não sobra dinheiro, e 19% dizem que nem sempre conseguem quitar tudo.
Segundo Ana Leoni, o acesso à educação financeira e a orientação profissional são cruciais para transformar o comportamento de consumo e reduzir o endividamento das famílias.
Para te ajudar no planejamento financeiro, separamos cinco dicas básicas que vão te ajudar na administração da renda. Confira:
- Monte uma reserva de emergência. Guarde o equivalente a pelo menos três a seis meses de despesas essenciais em uma aplicação de fácil resgate, como Tesouro Selic ou CDB com liquidez diária.
- Acompanhe suas despesas. Registre todos os gastos, inclusive pequenos, para identificar onde o dinheiro está indo. Aplicativos de controle financeiro ajudam a manter a disciplina.
- Separe o que é fixo e o que é variável. Despesas como aluguel, contas e alimentação devem ser prioridade. Gastos variáveis, como lazer, roupas, assinaturas, precisam caber no orçamento restante.
- Evite o crédito rotativo e o parcelamento excessivo. Juros altos corroem a renda e dificultam a recuperação financeira. Prefira pagar à vista sempre que possível.
- Defina metas de curto e longo prazos. Planejar uma viagem, um curso ou a aposentadoria ajuda a dar propósito às economias e motiva a manter o foco.
Fonte: Folha de S. Paulo.


