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Quase 30% da renda das famílias vai para dívidas; os juros consomem um terço desse valor

Grande parte das dívidas está ligada a cartão de crédito e empréstimo pessoal, as modalidades com as maiores taxas
25 de agosto de 2025 em Nacional, Sem categoria
Crédito de imagem: Rmcarvalho/Getty Images

Dados do Banco Central (BC) mostram que quase 30% da renda das famílias brasileiras é destinada ao pagamento de dívidas. Desse valor, cerca de 10% corresponde ao pagamento de juros — o equivalente a um terço do total. É o maior percentual desde 2005.

Quando alguém quer comprar algo que não consegue pagar à vista — como um carro, uma geladeira ou roupas — muitas vezes recorre ao crédito. Isso significa pegar dinheiro emprestado de um banco ou instituição financeira e devolver depois, geralmente em parcelas. Assim, a dívida é esse compromisso assumido, enquanto os juros são a taxa cobrada pelo uso do dinheiro emprestado.

Segundo Rafael Schiozer, professor titular de finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV Eaesp), todas as famílias do mundo se endividam em algum grau. Na Noruega, por exemplo, o comprometimento da renda familiar passa de 20%, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS).

A diferença é que, no Brasil, grande parte das dívidas está ligada a cartão de crédito e empréstimo pessoal, justamente as modalidades com as maiores taxas, que trazem menos garantias aos bancos e, portanto, são muito mais caras.

Dívidas x renda

Um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) mostra que, apesar do crescimento do endividamento, a renda não tem acompanhado o mesmo ritmo. Entre 2023 e 2024, os gastos das famílias brasileiras com juros aumentaram 20,5%. Entretanto, nesse mesmo período, a renda subiu apenas 3,2%. Ou seja, o que as pessoas ganham não cobre o custo crescente da dívida.

Longo prazo

Para Antonio Kopschitz, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a solução passa pela educação financeira. “O Brasil precisa de mais educação financeira. Já melhorou muito, existe uma iniciativa do Banco Central, por exemplo, nas escolas. Mas é necessário também um comportamento individual das pessoas, de se conscientizar de que tomar crédito de curto prazo é mais caro.”

Nos últimos anos, Fábio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, observa que as melhores condições de emprego e renda facilitaram o acesso ao crédito. Porém, Schiozer alerta que, segundo estudo do BC, esse efeito positivo é apenas de curto prazo. “Depois de dois, três anos, as pessoas tiveram uma redução de consumo muito maior do que o aumento logo após tomar crédito.”

Fonte: Folha de S.Paulo.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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