Quando os influenciadores Gabriel Neox e Eagle Trindade começaram a carreira, em 2011, logo de cara o sucesso dos vídeos da dupla no YouTube garantiu uma renda a eles. Como eram menores de idade, todo dinheiro que ganhavam ficava sob a tutela dos pais, que não permitiram que eles usassem a primeira quantia que receberam para comprar um computador.
A frustração de não ter a independência de decidir o destino do próprio dinheiro deu aos primos a inspiração para criar uma plataforma financeira que oferecesse essa liberdade aos jovens. Foi assim que eles se uniram a outros amigos com desejo de empreender e fundaram a NG.Cash, plataforma financeira feita por jovens que dá a essa turma a chance de administrar a própria renda, seja ela uma mesada, a monetização de um vídeo no TikTok ou o presente recebido dos parentes.
Lançada em 2021, a solução contabiliza hoje um milhão de usuários, a maioria da chamada geração Z, que nasceu entre 1995 e 2010. “Embora muitos ainda não estejam no mercado de trabalho, essa galera ganha dinheiro desde muito cedo na internet”, conta Petrus Ballhausen Arruda, COO e cofundador da NG.Cash.
Boa parte dos usuários foi conquistada a partir do modelo diferenciado de distribuição. Tendo entre os sócios criadores de conteúdo com mais de 8 milhões de seguidores, a empresa já tem o conhecimento da dinâmica no meio digital e sabe que não adianta só mostrar o anúncio interrompendo vídeos para conquistar novos usuários. “É preciso participar e ser relevante para aquela comunidade. E isso nós sabemos fazer”, diz Petrus.
Nova plataforma para crescer
Quando foi lançada, a NG.Cash usava uma estrutura de um bank as a service (banco como serviço). Esse tipo de estrutura oferece toda infraestrutura e autorizações do Banco Central para operar como uma instituição de pagamento. “Optamos por começar a operação usando essa estrutura, porque é uma forma de lançar muito rápido, pois resolve toda a questão regulatória, de tecnologia, atendimento, risco e fraude”, conta o COO.
Mas, com o crescimento, a empresa sentiu a necessidade de ter uma infraestrutura própria, que permitisse mais controle e poder de decisão sobre as funcionalidades. Foi assim que fechou uma parceria com a Pismo, companhia brasileira de tecnologia no setor de pagamento. Em seis meses a migração do serviço foi concluída. “Como a Pismo já nasceu como uma solução na nuvem, ela oferece diferenciais de escalabilidade e autonomia que o mercado não costuma ter”, diz Rodrigo Melato, vice-presidente de vendas da Pismo.
Ciente de que as demandas de seu público ficarão cada vez mais complexas, a NG.Cash já tem definidas as próximas funcionalidades que serão criadas: a possibilidade de o jovem ter a própria chave Pix (hoje a plataforma funciona somente com o Pix copia e cola e o QR Code) e uma opção de investimento.
Como funciona
Para usar a plataforma, o usuário baixa o aplicativo e preenche todo o cadastro. No momento de fazer a verificação da conta, o pai precisa participar, mandando uma foto de si memo e do documento de identificação oficial.
A partir daí, o controle passa a ser integralmente do jovem, que tem acesso a funcionalidades como Pix, cartão de crédito pré-pago virtual, que pode ser usado nas plataformas de streaming para pagamentos recorrentes, e cartão de crédito pré-pago físico, para utilizar na cantina do colégio, no cinema ou no restaurante. A plataforma oferece ainda recarga de jogos e celular.
Ensinando a poupar
Com a preocupação de educar financeiramente seus usuários, a NG.Cash também oferece vídeos com os influenciadores contando sobre suas principais lições e insights financeiros, em que é possível configurar metas financeiras e verificar se o usuário está poupando ou gastando mais. Também ajuda a estabelecer metas para o futuro, seja a compra de um PlayStation ou uma viagem. “Entendemos desde o primeiro dia que a partir do momento que damos acesso a dinheiro digital para essa geração, trazemos também a necessidade de educar financeiramente essa galera”, diz o COO.
A empresa optou por ensinar na prática e deu certo. “Todo mundo vai errar nas finanças, mas na nossa plataforma os jovens têm a chance de errar pequeno. Vão errar com dez reais, com cinco reais, e não com o primeiro salário”, dois Petrus.
Para dar segurança aos pais, a plataforma não trabalha com nenhum serviço de crédito, o que evita qualquer endividamento por parte dos jovens. É liberdade para os jovens e segurança para os responsáveis.
