7 mins

“Pix do clima”: Nobel de Economia propõe conectar justiça climática e redução da pobreza na COP30

Proposta defende que adultos que vivem em regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas recebam em torno de 16 reais por dia, além de um pagamento adicional a cada dez anos
13 de novembro de 2025 em Internacional
Dia da Sobrecarga da Terra: um alerta para o consumo excessivo

Na COP30, realizada em Belém, a economista francesa Esther Duflo, vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2019, apresentou uma proposta que foi batizada de “Pix do clima”. O apelido surgiu porque, no modelo proposto, o dinheiro seria enviado diretamente à conta das pessoas que vivem em países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas — de forma semelhante à transferência instantânea popularizada pelo sistema de pagamentos brasileiro.

A ideia integra o mecanismo Fair, sigla em inglês para “previsível, automático, imediato e regular”, desenvolvido por Esther em parceria com o marido, Abhijit Banerjee, e Michael Greenstone, professor da Universidade de Chicago e conselheiro econômico do governo Barack Obama.

Como funciona a proposta

O Fair prevê que adultos que vivem em regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas recebam 3 dólares (em torno de 16 reais) por dia, além de um pagamento adicional a cada dez anos. Esses recursos têm dois objetivos principais:

  • Compensar danos causados pelas emissões históricas dos países ricos.
  • Financiar a adaptação climática em nações de baixa e média renda.

Em contrapartida, os receptores teriam de adotar mecanismos de precificação de carbono, fazendo com que empresas que emitem Gases de Efeito Estufa (GEEs) paguem para poluir.

Esther ressalta que não se trata de caridade, e sim de uma maneira de reconhecer perdas, redistribuir responsabilidades e promover cooperação internacional.

Quanto custaria e como seria financiado

O custo estimado do “Pix do clima” é de 721 bilhões de dólares (3,8 trilhões de reais) por ano. Para financiar o mecanismo, a proposta sugere que os países adotem duas novas taxações globais:

  • Alíquota mínima de 21% sobre multinacionais.
  • Tarifa de 2% sobre a riqueza de bilionários.

Estudos apresentados por Esther indicam que, somente em 2022, as nações mais ricas emitiram 14,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂), gerando um impacto econômico estimado em 1,8 trilhão de dólares (9,5 trilhões de reais) em vidas perdidas nos países mais vulneráveis. Para ela, isso reforça a necessidade de um modelo de compensação financeira estruturado, previsível e de longo prazo.

A iniciativa reforça a relação entre clima e pobreza, um ponto central nos trabalhos da Nobel. Segundo ela, os mais pobres vivem nas regiões mais quentes, onde os efeitos do aquecimento global são mais intensos, por isso “estão na linha de frente” da crise climática. Além disso, Esther defende que os países responsáveis pelo maior volume histórico de emissões têm obrigação moral e prática de contribuir para a adaptação global.

Fontes: Estadão e Valor Econômico.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

Já tem cadastro?

Acesse!

Não tem cadastro?

Assine!