Dia da Sobrecarga da Terra: um alerta para o consumo excessivo Na COP30, realizada em Belém, a economista francesa Esther Duflo, vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2019, apresentou uma proposta que foi batizada de “Pix do Clima”.
O apelido “Pix do Clima” surgiu porque, no modelo proposto, o dinheiro seria enviado diretamente às contas das pessoas que vivem em países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas — de forma semelhante à transferência instantânea popularizada pelo sistema de pagamentos brasileiro.
A ideia integra o mecanismo FAIR, sigla em inglês para Previsível, Automático, Imediato e Regular, desenvolvido por Duflo em parceria com seu marido, Abhijit Banerjee, e Michael Greenstone, professor da Universidade de Chicago e conselheiro econômico do governo Barack Obama.
Como funciona a proposta
O FAIR prevê que adultos que vivem em regiões mais afetadas pelas mudanças climáticas recebam US$ 3 por dia, além de um pagamento adicional a cada dez anos. Esses recursos têm dois objetivos principais:
- Compensar danos causados pelas emissões históricas dos países ricos.
- Financiar a adaptação climática em países de baixa e média renda.
Em contrapartida, os países receptores teriam de adotar mecanismos de precificação de carbono, fazendo com que empresas que emitem gases de efeito estufa paguem para poluir.
Duflo ressalta que não se trata de caridade, mas de uma forma de reconhecer perdas, redistribuir responsabilidades e promover cooperação internacional.
Quanto custaria e como seria financiado
O custo estimado do Pix do Clima é de US$ 721 bilhões por ano. Para financiar o mecanismo, a proposta sugere que os países adotem duas novas taxações globais:
- Uma alíquota mínima de 21% sobre multinacionais,
- Uma taxação de 2% sobre a riqueza de bilionários.
Estudos apresentados por Duflo indicam que, somente em 2022, os países ricos emitiram 14,4 bilhões de toneladas de CO₂, gerando um impacto econômico estimado em US$ 1,8 trilhão em vidas perdidas nos países mais vulneráveis. Para ela, isso reforça a necessidade de um modelo de compensação financeira estruturado, previsível e de longo prazo.
A iniciativa reforça a relação entre clima e pobreza, um ponto central nos trabalhos de Duflo. Segundo ela, os mais pobres vivem nas regiões mais quentes, onde os efeitos do aquecimento global são mais intensos, por isso “estão na linha de frente” da crise climática. Além disso, ela defende que os países responsáveis pelo maior volume histórico de emissões têm obrigação moral e prática de contribuir para a adaptação global.
Fontes: Estadão e Valor Econômico.


