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Pesquisa aponta o dilema entre consumo consciente e orçamento limitado

Pesquisa da PwC revela que 90% dos jovens brasileiros se preocupam com sustentabilidade, mas apenas metade paga mais por alimentos responsáveis
24 de setembro de 2025 em Nacional
Dia da Sobrecarga da Terra: um alerta para o consumo excessivo

Você aceita pagar mais caro por um produto sustentável? A consultoria PwC acaba de divulgar um estudo que mostra que, embora 79% dos brasileiros se digam preocupados com alimentos ultraprocessados — muito acima da média global de 62% — apenas 35% efetivamente tentam evitá-los. A razão? Os produtos mais saudáveis custam mais caro.

A pesquisa “Voz do consumidor 2025” foi realizada, entre janeiro e fevereiro de 2025, com 21.075 consumidores, em 28 países, incluindo 1.002 brasileiros acima de 18 anos, e revela um paradoxo: queremos salvar o planeta e cuidar da saúde, mas o dinheiro no bolso manda mais alto do que a consciência.

A situação fica ainda mais evidente quando o assunto é meio ambiente. Mais de 90% dos brasileiros se preocupam com mudanças climáticas — quase 40% sentem apreensão diária com o tema, bem acima dos 25% globais. Mas apenas metade está disposta a pagar mais por alimentos sustentáveis que melhoram a qualidade do solo e promovem biodiversidade.

A realidade financeira tem outro efeito: 61% dos brasileiros estão trocando marcas tradicionais por produtos de marca própria ou mais baratos. Outros 52% têm procurado ingredientes alternativos mais em conta.

Trocando as marcas

A pesquisa mostra ainda que 44% dos entrevistados quererem apoiar produtos locais, mas 56% escolhem alternativas mais baratas importadas. Ou seja, querem orgânicos, mas levam os convencionais; querem apoiar pequenos produtores, mas compram das grandes redes.

Diante das limitações financeiras, os brasileiros estão encontrando na tecnologia uma forma de otimizar escolhas. Mais da metade demonstra familiaridade com inteligência artificial para planejar compras e refeições — proporção superior à média global, que é de quase a metade.

Ademais, 70% dos brasileiros já usam aplicativos de saúde ou dispositivos vestíveis, como relógios e anéis. Quando não é possível comprar o alimento mais saudável, pelo menos dá para monitorar os efeitos do que conseguimos comprar.

A pesquisa também revela que 47% dos brasileiros planejam refeições com antecedência para reduzir gastos por impulso — uma estratégia de sobrevivência financeira que virou hábito consciente.

Quase um terço experimentou canais não tradicionais, como aplicativos de delivery, serviços de assinatura de alimentos e kits de refeição nos últimos 12 meses. Não necessariamente por praticidade, e sim, muitas vezes, por serem mais baratos do que o supermercado tradicional.

Segundo o estudo, o mercado global de alimentação saltará de 7,7 trilhões de dólares (em torno de 42 trilhões de reais) em 2023 para 10 trilhões de dólares (53 trilhões de reais) até 2035. Mas para uma geração que ganha menos, tem mais gastos e enfrenta inflação alta, esse crescimento significa pouco se não vier acompanhado de uma queda de preços.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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