
Os minerais chamados terras raras, antes pouco conhecidos, vêm ganhando as manchetes por estar no centro de negociações comerciais, incluindo a que vem acontecendo entre Brasil e Estados Unidos (EUA) em relação às tarifas de 50% impostas por Donald Trump, presidente norte-americano.
Presentes em uma série de equipamentos eletrônicos, como smartphones, baterias, turbinas eólicas e até mísseis, esses elementos químicos são considerados estratégicos para o futuro da economia global.
Apesar do nome, as terras raras não são exatamente raras. Trata-se de um grupo de 17 elementos químicos de nomes bem estranhos, encontrados na crosta terrestre: lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, escândio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio.
O nome terras raras vem do século 18, quando esses elementos foram descobertos em minerais pouco comuns. Na época, acreditava-se que eram escassos, mas hoje se sabe que estão amplamente distribuídos — só que em concentrações muito baixas.
O que os torna valiosos é a dificuldade de extração e separação, já que eles geralmente estão misturados a outros minerais, além dos altos custos e impactos ambientais do processo. Segundo o G1, o quilo de neodímio e praseodímio – os mais usados na produção de ímãs — custa cerca de 55 euros (em torno de 353 reais). Já o de térbio pode ultrapassar 850 euros (5.460 reais). Para comparação, o minério de ferro custa por volta de 60 centavos de real o quilo.
As terras raras são fundamentais para a transição energética e digitalização da economia. Elas estão nos ímãs superpotentes usados em motores de carros elétricos e nas telas de LED. O neodímio, por exemplo, é essencial para a fabricação de fones de ouvido e turbinas eólicas, enquanto o lantânio é usado em lentes de câmeras e baterias recarregáveis.
Disputa global
O Brasil possui reservas conhecidas de terras raras em estados como Minas Gerais, Goiás e Amazonas. Segundo estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil detém a terceira maior reserva dos elementos terras raras, com um total de 21 milhões de toneladas. Ela está dividida entre os estados de Minas Gerais, Amazonas, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Roraima.
Desafios ambientais
Embora as terras raras sejam indispensáveis para tecnologias mais sustentáveis, como painéis solares e veículos elétricos, a extração pode causar sérios danos ambientais. O processo de mineração gera rejeitos tóxicos e pode contaminar solos e lençóis freáticos. Por isso, especialistas alertam que o desenvolvimento da cadeia de terras raras deve considerar práticas de mineração responsável e políticas de reaproveitamento e reciclagem.
Fontes: G1, Ministério das Minas e Energia e Geoscan.