O ano do Pix

O pagamento instantâneo já é usado por 177 milhões de pessoas e empresas, que realizaram 6,8 bilhões de transações somente em setembro
4 de novembro de 2025 em Edições Impressas, Nacional

Silvia Balieiro

Há cinco anos, frases como “qual é o seu Pix?” ou “me manda um Pix” não fariam o menor sentido. O meio de pagamento instantâneo começou a funcionar em novembro de 2020 e trouxe tantas mudanças para o dia a dia do brasileiro que fica difícil lembrar como era a vida sem ele. Para transferir dinheiro entre contas bancárias era necessário fazer um TED ou DOC, que chegavam a custar 20 reais por transação, não podiam ser realizados aos fins de semana e levavam até 24 horas para liberar o dinheiro na conta do destinatário.

“Houve um avanço muito grande para todo mundo, principalmente para aquelas pessoas que acabavam sendo mais vulneráveis, porque tinham que andar com dinheiro em mãos”, explica Ricardo Teixeira, professor do MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV). 

A rapidez com que os valores passaram a sair de uma conta e entrar na outra foi o diferencial que impressionou logo de cara. “Do vendedor ambulante na praia ao taxista, todos passaram a ver o dinheiro cair na conta na mesma hora, o que trouxe confiança para a solução”, diz Teixeira.

No entanto, três fatores foram determinantes para o sucesso desse meio de pagamento: a possibilidade de transferência de dinheiro imediata a qualquer momento; a gratuidade nas transações; e a facilidade para criar chaves de acesso. 

O mérito, em grande parte, é do sistema financeiro brasileiro, que sempre foi forte usuário e desenvolvedor de tecnologia. “O Brasil ter convivido com um período inflacionário muito alto no passado fez com que mecanismos muito eficazes de gestão bancária fossem desenvolvidos”, explica José Carlos de Souza, professor da FIA Business School.

Hoje, 177 milhões de cidadãos e empresas brasileiros usam a solução, segundo dados do Banco Central do Brasil (BC). Somente em setembro, foram realizadas 6,8 bilhões de transações, que totalizaram mais de 3,1 trilhões de reais. A democratização da solução foi acelerada pela atuação dos bancos digitais. “A inclusão financeira foi muito facilitada com o advento das fintechs e o Pix foi um grande atrativo para que as pessoas abrissem contas”, diz Souza.

Apesar do sucesso, o sistema não está livre de problemas. As fraudes são a principal preocupação. Além de sequestros a pessoas físicas, o Pix atraiu a atenção de quadrilhas de crimes digitais, que tentam invadir o sistema de bancos para desviar valores. Nos últimos três meses, foram quatro ataques, que desviaram mais de um bilhão de reais. Para combater essas ações, o sistema foi acrescentando barreiras de segurança a fim de proteger os usuários, como limite de valores em determinados horários e confirmação em dois fatores.

Fontes: Banco Central do Brasil e Valor Econômico.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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