
Com orelhas pontudas, sorriso travesso e olhos esbugalhados, o monstrinho Labubu virou fenômeno e objeto de desejo em escala global. Criado pelo artista Kasing Lung como parte da série The Monsters, da gigante chinesa de design Pop Mart, o personagem deixou de ser apenas mais um brinquedo “fofo e estranho” para se transformar em símbolo de status e, agora, motivo de regulação estatal na China.
Na última semana, o governo chinês proibiu oficialmente os bancos do país de usar os bonecos Labubu como isca para atrair novos correntistas. A medida, anunciada por órgãos reguladores chineses, surgiu após uma série de campanhas em que instituições financeiras ofereciam os brinquedos como brindes para quem abrisse contas ou fizesse investimentos. Em alguns casos, filas se formaram e consumidores protestaram por não conseguir garantir seus bonequinhos.
De onde vem a febre
O Labubu começou como um item de nicho no universo do design de brinquedos artísticos (art toys), mas ganhou popularidade meteórica após o lançamento em formato blind box — aquelas caixinhas-surpresa que só revelam o modelo após a compra. Esse fator surpresa, aliado a edições limitadas e estratégias de escassez, transformou cada unidade em item de luxo.
Mas a febre ganhou força quando Lisa, integrante da banda de K-pop Blackpink e estrela da série The White Lotus, postou uma foto de seu Labubu pendurado em uma bolsa Louis Vuitton no Instagram. Depois vieram Rihanna e Emma Roberts, que ajudaram a catapultar a marca.
Redes sociais como TikTok e Instagram estão cheias de vídeos de unboxings e disputas por modelos raros. Em 2024, estima-se que a Pop Mart tenha faturado mais de 6 bilhões de yuans (cerca de 4,3 bilhões de reais) apenas com a linha The Monsters.
Intervenção no Reino Unido e na China
Em fóruns on-line, colecionadores comparam Labubu a peças de arte contemporânea. Modelos raros chegam a valer centenas — às vezes milhares — de dólares. O sucesso é tão estrondoso que começa a gerar distorções. Em abril de 2025, lojas da Pop Mart em Londres tiveram que ser temporariamente fechadas após tumultos causados por lançamentos limitados. Em outras cidades, há denúncias de cambistas e até uso de bots para garantir as unidades mais disputadas.
Com a entrada dos bancos no jogo — oferecendo Labubus em troca de aplicações financeiras —, o governo chinês decidiu pela proibição das ações. A justificativa oficial é que uma regra de 2018 determina que os bancos comerciais não devem atrair depósitos por meio de “meios inadequados”, como a oferta de brindes físicos ou devolução de dinheiro.
A fabricante quer mais
Apesar do B. O. na China, o fenômeno não dá sinais de arrefecimento. A Pop Mart já prepara novas coleções e planeja parcerias com marcas de luxo e games. Analistas apontam que o Labubu pode seguir o caminho de outras propriedades intelectuais de sucesso como Hello Kitty e Funko Pop, expandindo para roupas, animações e eventos temáticos.
Fontes: O Globo, Business Insider e The New York Times.