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Para os estudantes que estão terminando o ensino médio, o segundo semestre vai além das férias e festas de fim do ano. Esse é um período de dedicação e olhar para o futuro, já que começa a temporada de provas e vestibulares para quem quer ingressar na faculdade.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é a maior delas, com mais de 3,9 milhões de inscritos em 2023. A avaliação é dividida em cinco áreas de conhecimento, incluindo a redação. Esta pode somar até mil pontos à nota final daqueles que produzirem um bom texto dissertativo-argumentativo, alavancando as chances de conseguir uma vaga. Por esse motivo, o tema da redação, que é revelado apenas no momento da prova, é tão especulado.

Para este ano, professores ouvidos pelo TINO Econômico apontam chances de o tópico ser sobre emprego, assunto muito discutido nos últimos meses, com as denúncias de casos de trabalhos análogos à escravidão no país. Além deste, outros temas foram mencionados.

Mais trabalho

Para Luiz Carlos Dias, professor e coordenador de redação do Colégio Etapa, um bom tema seriam os desafios para a promoção do trabalho decente no Brasil. “Promover o trabalho com condições adequadas e garantia de direitos é uma questão importante para o país”, afirma ele.

“Como um segundo eixo, eu apostaria nos impactos do trabalho informal na formação da juventude brasileira”. Desde 2018, o Brasil tem uma taxa de trabalhadores informais que chega a 40%, desta quantidade, os dados apontam que 48% têm de 14 a 24 anos.”, completa Dias.

Na mesma linha, Thiago Braga, autor do Sistema pH, aponta os novos modelos de trabalho, que muitos chamam de ‘uberização’, porque possuem relações empregatícias com poucos vínculos. Quais os impactos sociais e econômicos disso?

Chegou a vez da educação financeira?

Segundo Braga, o Enem habitualmente apresenta assuntos relacionados às atuais ações do governo ou a desafios, por isso a educação financeira é um palpite. “Temos um projeto do governo federal que foi desenhado para ajudar os brasileiros que estão inadimplentes. Uma medida para não ter um problema como esse nos próximos 30 anos é começar a promover educação financeira hoje”, aposta.

Relações internacionais e sustentabilidade em debate

A professora de língua portuguesa e redação Danieli Ferreira concorda com a evidência do tópico citado e faz novas apostas: “Acredito que a importância das relações internacionais para a economia pode ser um bom tema. Veja o movimento do atual governo, o quanto já viajou e trouxe investimentos e parcerias”, reflete. 

Além da diplomacia, a professora destaca o consumo consciente e o impacto do meio ambiente na economia. Para ela, o desenvolvimento sustentável está muito presente nos debates atuais e pode aparecer como tema, assim como as mudanças climáticas e a preservação ambiental. “O consumo sustentável e responsável também pode surgir. O meu consumo desenfreado pode me abalar financeiramente”, explica. 

IA, o assunto da vez

Não há como negar que a inteligência artificial vem ganhando espaço nos debates e na vida das pessoas pelo mundo. Para Ferreira, é possível que o Enem aborde as mudanças que a novidade pode trazer para vida de todos, inclusive sob o olhar financeiro. “A bola da vez é a inteligência artificial, como ela vai impactar o mercado de trabalho e a própria economia? Como pensar nas perspectivas que isso pode trazer? Esses podem ser questionamentos importantes apresentados na prova”, finaliza Ferreira.

Fome: um problema cada vez maior

Segundo relatório divulgado pela ONU em julho de 2023, o Brasil registra 20,1 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, cerca de 9,9% da população. Para Ferreira, esse problema — já conhecido pelos brasileiros — pode se tornar tema da redação. “Para além da fome, eu penso na segurança alimentar, porque as vezes você se alimenta, mas de alimentos ultraprocessados, ricos em sódio… Isso está diretamente ligado à economia, esses alimentos são mais baratos. Quanto mais saudável, mais caro é. Essa relação pode surgir e ser questionada”, ressalta a professora.

Dica de ouro

Os professores aconselham um olhar atento para as notícias econômicas. A palavra “economia” nunca esteve presente em uma proposta de redação do Enem, mas isso não quer dizer que não deva aparecer ao longo da dissertação. Todos os temas, em certa medida, tocam na vertente econômica, é inevitável; ela pode estar ligada a qualquer assunto. Os estudantes que souberem contextualizar qualquer tema, com seus fatores e impactos econômicos para a sociedade, poderão se destacar.

Prepare-se!

A preparação para qualquer vestibular envolve acompanhar as notícias diariamente, ler jornais, revistas, livros e pesquisar sobre os possíveis tópicos que podem surgir nas provas. Treinar a escrita para o formato de texto pedido é essencial e pode proporcionar mais confiança durante o exame.  

Ferreira reforça que o primeiro passo é a informação. “Eu trabalho leitura diária com meus alunos, dou de três a quatro notícias para lerem todos os dias, para elaborar a argumentação”, completa ela. 

“Os candidatos precisam saber sobre política, os ministérios, a divisão dos poderes e como interferem na sociedade. O exame busca aqueles cidadãos que conseguem debater sobre os problemas”, reforça Dias. 

Já Braga apresenta um ciclo preparatório: “Após pesquisar e escrever o texto, é importante pedir que alguém capacitado leia e te dê um retorno sobre a produção. Repita o ciclo quantas vezes forem necessárias. Feito isso, você está pronto”, finaliza.