Em busca da economia verde

Conversamos com Carlos Eduardo Young, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), para entender esse novo modelo que pode ser a chave para um amanhã mais inclusivo, sustentável e com menos desastres naturais
14 de março de 2023 em Edições Impressas, Internacional
Foto: Getty Images

Janeiro de 2022: enchentes na Malásia deixam mais de 50 mortos

Fevereiro de 2022: chuvas intensas e deslizamentos de terra na cidade de Petrópolis,

no Rio de Janeiro, matam ao menos 200 pessoas

Junho de 2022: tempestades de areia atingem o Oriente Médio, causando uma morte e hospitalizando 5 mil

Agosto de 2022: em meio à onda de calor, pessoas caminham sobre uma ponte que normalmente fica submersa no reservatório Llwyn-onn, no Reino Unido

Setembro de 2022: seis pessoas morrem após passagem de tufão nas Filipinas               

Fevereiro de 2023: chuvas intensas e deslizamentos matam 64 em São Sebastião (SP)

O QUE É A ECONOMIA VERDE?

Apesar do nome, esse modelo econômico não favorece apenas o aspecto ambiental, pois também prioriza o bem-estar da humanidade e a igualdade social.

Os três pilares da economia verde são: baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e inclusão social, segundo o Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (Pnuma). O modelo é baseado na geração de emprego e produção de renda, sem prejudicar o meio ambiente e as futuras gerações.

1. COMO ESTÁ O AQUECIMENTO GLOBAL HOJE?

A temperatura da Terra já se encontra cerca de 1,2ºC mais quente do que em meados do século 19. Pelo Acordo de Paris, assinado em 2015, o limite seguro do aquecimento do planeta seria de até 1,5ºC acima do período Pré- Industrial (1850-1900). Segundo a organização Global Carbon Project, se mantidas as tendências atuais, a temperatura do planeta vai subir 1,7ºC em 18 anos e 2ºC em 30 anos. Daí a importância de se adotar um modelo econômico mais sustentável.

2. O QUE FAZER PARA QUE ESSA SEQUÊNCIA DE DESASTRES NATURAIS PARE?

A solução é priorizar o futuro, e não o lucro imediato. Se a humanidade continuar produzindo da mesma maneira, o aquecimento global permanecerá aumentando, assim como o risco de desastres naturais, que causaram perdas de US$ 313 bilhões em todo o mundo em 2022, segundo a gestora de riscos Aon. No Brasil, o prejuízo foi de US$ 5,5 bilhões.

3. COMO FAZER ISSO?

Atualmente, não existem incentivos em prol da proteção ambiental e do bem-estar dos trabalhadores. A economia verde propõe mudanças no modelo de trabalho, com oportunidades de atividade estável e regulamentada para todos, o que diminuiria a desigualdade e ajudaria a desenvolver a educação, saúde e oferta de habitação.

4. COMO REALIZAR A TRANSIÇÃO DO MODELO ATUAL PARA O VERDE?

A mudança deve ser regimentada pelos governos. Um estímulo, segundo especialistas, seria criar a tributação verde, que cobraria tarifas de empresas poluentes. Iniciativas como essa poderiam ser efetivas na diminuição das emissões de carbono e chamar a atenção das corporações para mudanças urgentes, induzindo a uma competição saudável entre elas.

5. COMO ISSO IMPACTA O FUTURO?

As empresas já buscam profissionais que tenham “habilidades verdes”, isto é, conhecimento sobre sustentabilidade e ideias que priorizam a preservação ambiental. Para se enquadrar a essa demanda, é preciso investir em educação, para que todos entendam o novo modelo e se esforcem para botá-lo em prática.

6. COMO O BRASIL PRECISA MUDAR?

O cenário do Brasil é favorável, pois o país dispõe de ferramentas de incentivo fiscal que podem ser utilizadas para investimentos em práticas que alavanquem os objetivos da economia verde. Nesse caso, devem ser cobradas contrapartidas de quem receber os aportes. Por exemplo, produtores que receberem crédito rural devem se comprometer a colaborar com uma agricultura de baixo carbono, plantio sem fogo e utilização de mão de obra familiar.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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