
Entre 28 e 31 de agosto, a Semana do Cinema comprovou, na prática, o quanto o valor do ingresso influencia a ida do público às salas. Com bilhetes a 10 reais, a frequência triplicou: de 766 mil pessoas na semana anterior, saltou para 2,26 milhões durante a promoção — um número próximo à média anual de visitantes do Cristo Redentor.
O resultado expõe um ponto sensível. Com ingressos custando, em média, 40 reais, ir ao cinema não é acessível para grande parte da população. Para uma família de três pessoas, só os ingressos podem chegar a 120 reais, sem contar pipoca, refrigerante e outros gastos.
Recuperação do setor
Criada em 2022, a Semana do Cinema vem se consolidando como estratégia para reaquecer o setor após os impactos da pandemia. Em 2019, nove filmes ultrapassaram a marca de 1 bilhão de dólares (cerca de 5.8 bilhões de reais) nas bilheteiras; neste trimestre, apenas dois chegaram a esse patamar. A diferença mostra que a indústria ainda sente os efeitos da crise, mas também que ações promocionais têm potencial de atrair novamente o público.
Preço ou criatividade?
O sucesso da iniciativa levanta uma questão: a queda no interesse pelo cinema se deve mesmo à falta de criatividade de Hollywood, com tantos remakes e adaptações, ou ao preço elevado dos ingressos? Os números sugerem a segunda hipótese.
Mesmo sem grandes estreias no período, o público respondeu à promoção. Quarteto Fantástico – Primeiros Passos, em cartaz há seis semanas, levou 420 mil pessoas às salas, enquanto Os Caras Malvados 2 atraiu 274 mil espectadores. Ambos registraram bilheteiras acima da média em comparação ao restante do mês.
Uma tendência global
Vale destacar que a estratégia não é exclusiva do Brasil. Em Portugal, a campanha Cinema em Festa também bateu recordes em 2023, reforçando a ideia de que ingressos mais acessíveis podem ser um caminho eficaz para reconectar o público à experiência coletiva de assistir a um filme na tela grande.
Fonte: Times Brasil.