
Por que algumas pessoas pensam que um tênis custar 800 reais é uma loucura e outras consideram um achado? Como pode um ingresso de show custar mais do que um mês de transporte — e, ainda assim, parecer “barato”? A explicação para essa diferença de percepção é que caro ou barato depende do valor que cada um dá a cada gasto.
Crescemos ouvindo que certas coisas “valem a pena” e outras, não. Mas quase ninguém ensina como formar esse julgamento. E mais: o mundo ao nosso redor — amigos, influenciadores, propagandas — tentam nos convencer de que precisamos de itens que não necessariamente são relevantes. Nem sempre o que faz sentido para o outro faz sentido para você.
Preço é diferente de valor
Um lanche de 40 reais pode ser “muito” para quem está guardando para comprar um celular novo. Mas pode ser nada de mais para quem tem mesada fixa, acabou de receber uma grana de presente ou está com um desejo enorme de experimentar um novo prato. Já o mesmo celular, que custa 2.500 reais, pode parecer uma compra absurda para uns e um investimento necessário para outros — principalmente se a pessoa estuda, trabalha ou cria conteúdo com o aparelho.
A percepção de preço está ligada à nossa realidade. Renda, rotina, prioridades e até o momento de vida influenciam na nossa percepção de valor justo. E isso não é errado — o problema é quando compramos só para parecer com os outros ou acompanhar o que está “na moda”.
Aquele casaco baratinho que rasga em dois meses pode custar mais caro do que um de preço mais elevado que dura anos. Por outro lado, gastar muito em algo que você mal usa pode ser um desperdício — mesmo que seja da melhor marca.
O segredo está em pensar: isso vale quanto custa para mim? Vou usar por quanto tempo? Vai me fazer bem de verdade ou só por um instante? Estou comprando porque quero ou porque estou sendo influenciado?
A questão não é deixar de gastar. É entender por que você está gastando. E aqui vão algumas perguntas que podem te ajudar a avaliar o valor que determinado produto ou serviço pode ter para você:
- Compare com seu tempo. Quanto tempo você precisa trabalhar (ou juntar) para pagar aquilo?
- Avalie o uso. Vai utilizar uma vez e esquecer ou vai te acompanhar por meses?
- Fuja do impulso. Espere 24 horas antes de adquirir algo que não era planejado.
- Cuidado com o “todo mundo tem”. Isso não é argumento, é pressão.
- Faça listas do que é prioridade para você. Gaste mais com o que importa, menos com o que não faz falta.
Saber se algo é caro ou barato não é sobre julgar o outro, é sobre se conhecer. Quanto mais cedo você entende isso, mais liberdade tem para usar o seu dinheiro de modo inteligente — e do seu jeito.