A peso de ouro

Por que, mesmo sem pagar juros, o ouro continua sendo um dos investimentos mais procurados em tempos de crise
5 de agosto de 2025 em Edições Impressas, Mercado

Antes de existirem bancos ou bolsas de valores, o ouro já era sinônimo de riqueza. O brilho, a raridade e a facilidade de moldagem do elemento o tornaram desejado desde as primeiras civilizações. Além da beleza, o fato de ser difícil o encontrar deixou o metal valioso.

“Ele é escasso, durável, reconhecido globalmente e não depende de nenhum governo ou banco central para ter valor”, diz George Sales, professor da FIA Business School. Mesmo sem render juros, o ouro atrai investidores por uma razão simples: é aceito incondicionalmente em qualquer país. Por isso, quando o mundo parece instável, a cotação do ouro costuma subir. É o que os especialistas chamam de “hedge natural”, um investimento seguro para proteger contra crises.

“Diferentemente de moedas fiduciárias, que podem ser desvalorizadas por políticas monetárias ou inflação, o ouro mantém o poder de compra ao longo do tempo. Dessa forma, investidores recorrem a ele especialmente em cenários de alta inflação ou crises fiscais”, explica Sales.

Quando o panorama global fica turbulento, o ouro costuma disparar. Foi o que aconteceu recentemente, em abril, quando o valor do metal bateu recorde em consequência da guerra comercial entre Estados Unidos (EUA) e China.

O ouro é negociado mundialmente, e seu preço flutua todos os dias, sendo determinado pela oferta e demanda no mercado internacional. O principal centro de referência é o mercado de Londres, em que grandes bancos e instituições definem o preço, cotado principalmente em dólares.

Como investir em ouro

1- Ouro físico
É possível comprar barras de 250 gramas com 99,99% de pureza (24 quilates) na Bolsa de Valores brasileira (B3) ou em corretoras especializadas. Mas, atenção: o armazenamento é por sua conta, o que exige segurança (e pode custar caro).

2- Fundos e ETFs
Outra opção é aplicar em fundos que investem em ouro, como o ETF GOLD11. A compra é feita pela bolsa ou por bancos e corretoras. É mais simples, acessível e seguro para quem está começando.

3- Contratos futuros
São operações para quem é experiente e aceita correr mais riscos. Permitem ganhos rápidos, porém exigem conhecimento do mercado.

4- Ações de mineradoras
É possível investir em empresas que extraem ouro. Elas tendem a valorizar quando o preço do metal sobe, contudo também sofrem com os riscos típicos do mercado de ações.

Curiosidades douradas

O ouro 24 quilates é tão puro que pode ser amassado com a mão. Por isso, joias costumam ser feitas com 18 quilates, uma mistura de ouro com outros metais que deixam a peça mais resistente.

A unidade de medida do ouro é a onça troy, que tem cerca de 31,1 gramas. Hoje, essa quantidade pode valer quase 17 mil reais.

A Índia é o maior consumidor de ouro para joias no mundo. Por lá, o metal é visto como símbolo de beleza e tradição. Casamentos costumam envolver quilos de ouro em adornos e presentes.

Quando o ouro perdeu o trono

Durante séculos, o metal foi o principal ativo usado nas transações internacionais. Sempre que um país precisava pagar outro, a diferença era quitada em barras de ouro.

Esse sistema começou a se tornar inviável com a modernização do comércio global e os riscos de transportar grandes quantidades do metal pelo mundo.

A virada aconteceu em 1944, na cidade de Bretton Woods, nos EUA. Representantes de 44 nações assinaram um acordo histórico que estabeleceu que o dólar norte-americano passaria a ser a principal moeda de referência nas transações internacionais.

Com isso, os países deixaram de manter grandes reservas de ouro e passaram a acumular dólares.

Fonte: G1.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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