
Quem nunca se apaixonou por um cantor, atriz, banda, série, atleta ou até mesmo personagem fictício? Ser fã faz parte da vida de milhões de pessoas, e os brasileiros se destacam internacionalmente nessa cena. Atualmente, 38% dos fãs no Brasil se reconhecem como tal, e esse amor custa, em média, 200 reais por mês — cinco vezes mais do que a média da população brasileira gasta com cultura, de acordo com a pesquisa “A era dos fandoms”, da consultoria Monks.
Fandom é todo o universo relacionado aos fãs de determinado ídolo ou objeto cultural. A pesquisa, que entrevistou 622 pessoas, de 16 a 45 anos, no Brasil, mostra como esses grupos deixaram de ser formados apenas por indivíduos apaixonados e se tornaram termômetros de sucesso. Eles atraem o olhar de marcas e movimentam grandes quantias. Só o mercado de produtos licenciados gera cerca de 300 bilhões de dólares (1,6 trilhão de reais) por ano, globalmente, sendo 21,5 bilhões de reais apenas no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral).
“O fã brasileiro realmente tem o molho. O famoso ‘come to Brazil’ (‘venha para o Brasil’, em tradução livre) é mais do que um apelo, é uma promessa de grandiosidade e dedicação que pode gerar fama globalmente”, afirma Mariana Bernardes, que ocupa o cargo de estrategista e curadora cultural na Monks.

De acordo com a pesquisa, o comportamento vai além da compra de produtos e envolve consumo de conteúdo, participação em campanhas, compartilhamento de memes, assinatura de programas de sócio-torcedor e impulsionamento de lançamentos musicais. “Essas comunidades têm códigos próprios, formas de engajamento, sistemas de reconhecimento interno. O fã, hoje, é um dos protagonistas culturais do nosso tempo”, conta a especialista.
Essa influência ultrapassa as barreiras do entretenimento ou da internet e invade espaços econômicos, políticos e sociais. Em 2023, por exemplo, fãs da cantora Ludmilla bateram o recorde de doações de sangue em um único dia: mais de 500 bolsas foram coletadas em troca de ingressos para um show no Rio de Janeiro. No ano seguinte, Taylor Swift declarou apoio a um candidato à presidência dos Estados Unidos e mobilizou seu fandom: mais de 52,2 mil novos registros de eleitores foram feitos e outras 144,2 mil pessoas checaram sua situação eleitoral.
Economicamente, os fãs vão além dos produtos oficiais. A movimentação em torno dos shows impulsiona pequenos e médios empreendedores, aquecendo setores como turismo, hotelaria e alimentação
Fontes: Monks, G1 e CNN.