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TIC Kids: adolescentes brasileiros usam IA para estudar, criar e desabafar na internet

Pesquisa revela que 65% dos jovens entre 9 e 17 anos já utilizaram ferramentas de IA generativa, enquanto o uso da internet nas escolas caiu e os riscos de exposição a conteúdos e propagandas inapropriadas continuam altos
22 de outubro de 2025 em Nacional
Jovens e seus celulares. Foto: Getty Images

A edição 2025 da pesquisa TIC Kids Online Brasil, referência nacional sobre o uso da internet por crianças e adolescentes, mostra que 92% dos brasileiros entre 9 e 17 anos, o equivalente a 24,5 milhões de pessoas, estão conectados. Mas o modo como esses jovens navegam e aprendem no ambiente digital está mudando rapidamente com a influência da inteligência artificial (IA) generativa.

Mais de 65% dos adolescentes e crianças conectados afirmaram ter utilizado ferramentas de IA generativa, como chatbots e plataformas de criação, para pelo menos uma atividade. 59% recorreram à tecnologia para pesquisas escolares ou estudo, 42% para buscar informações, 21% para criar conteúdo e 10% para conversar sobre problemas pessoais ou emoções.

O uso cresce com a idade: entre os jovens de 15 a 17 anos, 68% utilizam IA para estudar e 12% já recorreram à tecnologia para desabafar. Na faixa de 9 a 10 anos, as proporções são de 37% e 4%, respectivamente.

Menos internet na escola, mais no celular

O celular segue absoluto, com 96% dos jovens utilizando o aparelho para acessar a rede, sendo que 74% fazem isso várias vezes ao dia. A televisão vem em seguida, com 74%, e o computador caiu para 30%.

A pesquisa revela que o acesso à internet nas escolas sofreu queda de 51% em 2024 para 37% em 2025. Em contrapartida, 84% acessam a internet de casa várias vezes ao dia, consolidando o lar como o principal ambiente digital e reforçando desigualdades no uso educacional da rede. Um terço (33%) dos jovens já produziram e postaram vídeos, músicas ou imagens e 20% compartilharam textos com ideias próprias.

O WhatsApp é a plataforma mais frequente (53% usam várias vezes ao dia), seguido por YouTube e Instagram (48%), e TikTok (46%). Quase todos os adolescentes entre 15 e 17 anos (99%) têm perfil em alguma rede social.

Mais publicidade

A pesquisa também alerta para os riscos da hiperexposição on-line. Mais da metade dos jovens entre 11 e 17 anos relatou contato com publicidade em redes sociais (55%) e vídeos (52%). Quase metade dos responsáveis (45%) afirma que os filhos foram expostos a conteúdos inapropriados para a idade, e 51% das crianças pediram algum produto após ver um anúncio na internet.

Os vídeos mais vistos envolvem pessoas abrindo produtos (66%), ensinando a usá-los (65%) ou mostrando itens recebidos de marcas (61%), um retrato do poder dos influenciadores sobre o consumo infantil.

Além disso, 8% dos usuários de 9 a 17 anos disseram ter visto imagens com conteúdo sexual, número que sobe para 13% entre os mais velhos.

Curiosamente, os principais “educadores digitais” dos pais são os próprios filhos: metade dos responsáveis (50%) disse aprender sobre segurança na internet com as crianças e adolescentes, e 31% dos jovens afirmaram ajudar os adultos quase todos os dias em tarefas on-line.

Mesmo assim, a mediação familiar é significativa: 56% dos adolescentes disseram que os responsáveis costumam compartilhar conteúdos on-line e 44% conversam sobre o que os filhos fazem na internet.

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

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