
Silvia Balieiro
É possível ser sócio de companhias como Petrobras, Itaú ou Magazine Luiza e receber uma parte dos lucros que elas obtiverem — direto na sua conta. É isso o que acontece quando se investe em ações de empresas de capital.
O que são dividendos
“O dividendo é a parte do lucro da empresa que é distribuída para aqueles que compram suas ações como forma de remuneração do capital que eles investiram na empresa”, explica Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Na prática, funciona assim: quando você tem ações ou cotas de uma companhia, torna-se dono de uma parte dela. No fim do ano, se a empresa teve lucro, pode distribuir parte dele entre todos os seus “sócios”. Assim, o investidor recebe na conta um valor proporcional à quantidade de ações que adquiriu.
Normalmente, é estipulado um valor por ação. No dia 22 de setembro, por exemplo, a Petrobras pagou 0,3084 reais por ação aos investidores. Desse modo, quanto mais ações o investidor tem, maior a remuneração.
Importante: dividendos não são exclusivos de entidades listadas na bolsa de valores. Uma empresa de capital fechado também pode escolher distribuir dividendos aos acionistas. “Se eu tiver uma empresa e você for minha sócia, mas não trabalhar na empresa, posso te remunerar com dividendos pela sua participação”, diz Teixeira.
Como funciona na prática
Vamos supor que um investidor compra cem ações de uma empresa por 10 reais cada, gastando mil reais. No fim do ano, a companhia constata que teve ótimo desempenho e decide distribuir 2 reais por ação em dividendos. Resultado: o investidor recebe 200 reais direto na conta, sem precisar vender as ações.
Mas ter ações de uma empresa não é garantia de recebimento de dividendos. Para obtê-los, três condições precisam ser atendidas:
1. A empresa necessita ter tido lucro no período.
2. A companhia deve decidir distribuir parte desse lucro (isso geralmente já está definido no contrato social).
3. É preciso ter ações da empresa no período estabelecido para recebimento.
Se a companhia não tiver lucro em determinado período, não há distribuição de dividendos. Em casos de prejuízo ou dificuldades financeiras, essa ausência pode se prolongar por anos.
Para quem investe, há uma grande necessidade de acompanhamento do mercado. “Não é porque você investiu hoje numa empresa que dá um bom dividendo, que ela vai dar um bom dividendo durante 30 anos. Por isso é importante acompanhar sempre de perto”, afirma Teixeira.
Quais são os riscos
Investir em ações pensando em dividendos tem riscos que você precisa conhecer:
1. Não recebimento: se a empresa não obtiver lucro, não há dividendos.
2. A companhia quebrar: toda empresa, não importa o tamanho, pode falir.
Para Teixeira, essa modalidade de investimento oferece risco médio. Dividendos podem ser uma boa fonte de ganho, mas quem compra, larga e esquece um dia pode tomar um susto.
Como saber se uma empresa paga bons dividendos
Para avaliar se uma companhia é boa pagadora de dividendos, os investidores usam uma métrica chamada Dividend Yield (DY), que significa “rendimento de dividendos”, em tradução livre para o português.
O Dividend Yield é um percentual que mostra quanto você recebe de dividendos em relação ao valor que pagou pelas ações. A fórmula é simples:
DY = (dividendos pagos por ação ÷ preço da ação) × 100
Exemplo: alguém compra uma ação por 50 reais e a empresa paga 3 reais de dividendos por ação no ano.

DY = (3 ÷ 50) × 100 = 6%
Isso significa um rendimento de 6% só com dividendos, sem contar a possível valorização da ação. Entretanto, olhar só para o percentual não basta. Um DY muito alto pode ser uma armadilha. Às vezes, a empresa está pagando dividendos altos porque suas ações desvalorizaram muito, o que pode indicar problemas. Por isso é importante analisar outros fatores além do DY.
Fonte: Elos Ayta Consultoria.