
As bets estão se se tornando um obstáculo real na vida acadêmica de muitos jovens brasileiros. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a Educa Insights, revela que os gastos com apostas esportivas estão afetando diretamente o ingresso e a permanência de jovens no ensino superior privado.
Em um levantamento realizado em março de 2025 com 2.317 pessoas entre 18 e 35 anos de todas as classes sociais e de todas as regiões do país, 34% dos entrevistados afirmam que precisariam interromper as apostas para conseguir iniciar a faculdade. Outros 14% relataram que já atrasaram mensalidades ou trancaram a matrícula por causa de despesas com bets.
Ao responderem se já haviam apostado online alguma vez, 87% dos jovens da classe A responderam que sim, e 13% responderam que nunca apostaram. Já nas classes D e E, 57% já apostaram em alguma plataforma online pelo menos uma vez na vida e 43% nunca apostaram.
Gasto insustentável
Jovens da classe A chegam a investir, em média, R$ 1.210 por mês em apostas, enquanto nas classes D e E, o valor médio é de R$ 421 – o que representa uma fatia muito maior da renda mensal.
Entre os apostadores frequentes, mais da metade (52%) aposta entre uma e três vezes por semana, e o perfil predominante é de homens entre 26 e 35 anos, trabalhadores, pais, oriundos das classes C e D e com formação em escola pública.
A pesquisa também aponta que a maior adesão ao jogo ocorre nas regiões Nordeste e Sudeste, onde 44% e 41% dos jovens respectivamente, afirmam que precisariam parar de apostar para poder estudar. No Sul e no Centro-Oeste, os percentuais são de 17% e 18%.
Para o ano que vem, a expectativa é pessimista: cerca de 986 mil jovens dos quase 2,9 milhões de potenciais ingressantes no ensino superior privado correm o risco de não efetivar sua matrícula por estarem com o orçamento comprometido com bets.
Fonte: O Estado de S. Paulo.