12 mins

Dinheiro, propósito e saúde mental: o que a geração Z realmente quer do trabalho

Pesquisa da Deloitte mostra que o jovem brasileiro quer mais do que um bom emprego: ele busca impacto, segurança emocional, liberdade e coerência entre os próprios valores e os da organização em que atua
10 de julho de 2025 em Nacional
Geração Z no trabalho. Foto: Getty Images

“Subir na carreira” só para ganhar um crachá bonito ou um cargo de chefe não é sinônimo de sucesso para todo mundo. Para a geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2006) e os millenials (nascidas entre 1983 e 1994) importa mais encontrar um trabalho que faça sentido, pague bem e respeite seus limites. Eles querem propósito, equilíbrio, desenvolvimento e (sim!) dinheiro, mas não a qualquer custo.

Essa é a principal conclusão da pesquisa global “Gen Z and millennial survey 2025”, realizada pela consultoria Deloitte, que ouviu mais de 23 mil jovens, em 44 países. No Brasil, foram entrevistados 817 jovens brasileiros, sendo 510 da geração Z e 307 millennials. A seguir, os principais achados do relatório.

Felicidade = propósito + bem-estar + dinheiro

Para 94% dos jovens brasileiros, ter um trabalho com propósito é fundamental para sua satisfação pessoal. Enquanto globalmente 41% da geração Z afirma ter rejeitado oportunidades de emprego por conflito com os próprios princípios, no Brasil esse número sobe para 48%. Além disso, 46% dos brasileiros dessa geração já deixaram um trabalho por falta de propósito, contra 44% no resto do mundo, demonstrando que, para eles, trabalhar com algo que faça sentido não é um “extra” — é essencial.

Ter estabilidade financeira também pesa: jovens com segurança financeira são duas vezes mais propensos a se dizer felizes do que aqueles com dificuldades econômicas.

A relação com o trabalho está mudando

A estabilidade não é mais o objetivo principal. O que move essa geração é:

  • Conquistar independência financeira (24%).
  • Equilibrar vida pessoal e profissional (20%).
  • Tornar-se especialista na sua área (16%).
    Eles estão dispostos a mudar de carreira para alcançar esses objetivos — 19% da geração Z e 16% dos millennials já deixaram a profissão original que escolheram.

Dinheiro é importante, mas a ansiedade pesa

O custo de vida também pesa mais no Brasil: 55% da geração Z e 49% dos millennials vivem de salário em salário. No mundo, esse percentual é de 52% na geração Z e entre os millennials. Cerca de um terço (31%) afirma não conseguir pagar todas as contas do mês, número ligeiramente acima da média global, que ficou em 37%.

Além disso, 47% da geração Z e 39% dos millennials relatam se sentir ansiosos ou estressados na maior parte do tempo — o trabalho é um dos principais gatilhos.

Eles querem aprender, porém não estão sendo ouvidos

A maioria dos jovens brasileiros está buscando desenvolvimento profissional ativamente: 77% da geração Z e 79% dos millennials desenvolvem novas habilidades ao menos uma vez por semana. O problema é que eles não se veem apoiados por seus líderes. Apenas 27% dos jovens sentem que os gestores realmente os orientam e dão suporte, embora 57% acreditem que essa deveria ser uma das funções principais de uma liderança.

A educação formal perdeu parte do prestígio

Outro dado que chama a atenção é o abandono (ou adiamento) do ensino superior: 38% dos representantes da geração Z brasileira decidiram não cursar faculdade, em comparação com 31% da média global. O motivo vai além das dificuldades financeiras — muitos preferem caminhos mais flexíveis, voltados à prática e experimentação.

GenAI: os jovens já estão usando, com ambivalência

Embora os brasileiros estejam entre os que mais utilizam ferramentas de inteligência artificial generativa (com 70% já utilizando no dia a dia de trabalho), eles também se destacam pelo receio: 62% dizem temer que a automação ameace seu emprego, mais do que a média global. Além disso, 47% da geração Z do Brasil relata sentir ansiedade ou estresse com frequência, sendo o trabalho um dos principais fatores desencadeadores.

Meio ambiente importa e influencia decisões profissionais

A preocupação ambiental também se destaca. No Brasil, 80% dos jovens dizem considerar as políticas ambientais de uma empresa na hora de avaliar uma proposta de trabalho, contra 70% da média global. Além disso, 60% afirmam já ter pressionado os empregadores a adotar práticas mais sustentáveis, contra 48% do índice global. Essa consciência ecológica, combinada com um forte senso de propósito, mostra que esses jovens estão dispostos a agir, mesmo dentro do ambiente corporativo.

Os dados refletem que o jovem brasileiro quer mais do que um bom emprego: ele busca impacto, segurança emocional, liberdade e coerência entre os próprios valores e os da organização em que atua. Você que também faz parte dessas gerações concorda com os dados da pesquisa?

 Menina com celular. Foto criada por diana.grytsku - br.freepik.com

Já tem cadastro?

Acesse!

Não tem cadastro?

Assine!